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ÚNICA No. 1751 - 20 Maio 2006
Ajudar compensa?
As campanhas de solidariedade florescem em Portugal. As empresas multiplicam-se
em projectos de responsabilidade social. Fala-se de «voluntariado
empresarial», de fundos éticos, de empresas socialmente
responsáveis.Que objectivos presidem a estas campanhas? Manobras
de «marketing» para melhorar a percepção
da marca, descontos fiscais, ou pura beneficência?
Texto de Katya
Delimbeuf
Nunca se viram em Portugal tantas
campanhas de solidariedade. Ligue-se a televisão ou o rádio,
vá-se às compras ou ao multibanco, é difícil
não dar de caras com uma qualquer iniciativa que reverte a
favor de uma instituição necessitada. A nível
empresarial, o fenómeno é cada vez mais evidente. As
empresas parecem apostadas em colocar os termos «responsabilidade
social» e «voluntariado empresarial» na agenda.
Será que despertaram de repente para a necessidade de retribuir
e ajudar? Ou há outros interesses, nomeadamente fiscais, por
trás da imagem de benemérito? Fenómeno de moda,
avivar de maior consciência social ou «marketing»
para melhorar a percepção da marca? Provavelmente, um
pouco de tudo isso.
É como se tivesse havido uma tomada de consciência colectiva
em relação à solidariedade e ao dever de entreajuda.
À nossa volta, proíbem-nos de deitar fora as tampas
das garrafas de água, pois estas podem ser convertidas em cadeiras
de rodas, no âmbito da campanha «Roda que roda e torna
a girar», da Amarsul. O Banco Alimentar realizou, na semana
passada, nova recolha de alimentos. É também nesta altura
que a Missão Sorriso - que nos habituámos a ver nos
supermercados Continente e na TVI todos os Natais -, distribui o material
pediátrico pelos hospitais carenciados identificados ao longo
do ano. Comprando um Swatch Ursinhos, sabe que está a ajudar
a construir a Casa do Gil, o centro de acolhimento da Fundação
do Gil, que abre as portas a 31 de Maio - mas se preferir o Swatch
Fraldinhas, está a ajudar a associação Acreditar
No pequeno ecrã, a apresentadora Fátima Lopes deu a
cara pela associação Cedema, que ajuda deficientes mentais
adultos - campanha apadrinhada pela SIC Esperança. A Caixa
Geral de Depósitos ofereceu em Março 5000 árvores
a Paredes de Coura, no âmbito de um programa de reflorestação,
para amenizar o prejuízo dos incêndios do ano passado,
que custaram ao país cerca de 525 milhões de euros.
Em Junho, haverá outro Rock in Rio em Lisboa, com respectivo
projecto social. E há empresas, como a PT ou o Barclays, com
projectos de responsabilidade social o ano inteiro, não só
visíveis no Natal, quando este fenómeno atinge o seu
pico máximo.
É na época natalícia que o Millennium bcp, como
se lê no «site» oficial do banco, «oferece
à cidade de Lisboa e ao país a maior árvore de
Natal da Europa, inserido no contexto do programa de responsabilidade
social do banco», e o BES apresenta a conta «Realizar
Mais», cujo objectivo é «angariar 300 mil euros
para três instituições de solidariedade que acolhem
crianças em risco». São tantas as campanhas de
solidariedade que parece que qualquer empresa que se preze
tem sempre um projecto social a acompanhar, a começar pela
Fundação de Bill e Melinda Gates, que já contribuiu
com 23 mil milhões de dólares para ajuda humanitária
em África.
Estamos ainda longe da Inglaterra ou de países do Norte da
Europa, onde o espírito de voluntariado e de solidariedade
social é incutido desde muito cedo. Mas Portugal começa,
claramente, a ter mais projectos nesta área e o que é
certo é que ajudar está em alta.
Enquadramento fiscal: Lei do Mecenato
A Lei do Mecenato (Decreto-Lei nº 74/99
de 1998) é a que regula os projectos de solidariedade e as
respectivas deduções fiscais no IRS. Distingue-se entre
Mecenato Social e Mecenato Cultural, sendo que o primeiro goza de
maiores deduções - 130% ou 140% do total, ao passo que
o segundo arrecada apenas 120% ou 130%. No entanto, não são
os benefícios fiscais por si só que levam as empresas
a envolverem-se em projectos de responsabilidade social, considera
o fiscalista Saldanha Sanches (na fotografia): «Os ganhos de
imagem são mais importantes que os benefícios fiscais».
E justifica: «Se eu der 1000 contos para uma entidade, tenho
400 de desconto fiscal. Mas saíram-me 600 contos do bolso».
O especialista de Direito Fiscal admite, no entanto, que, «sem
benefícios fiscais, seria muito mais difícil haver tantas
iniciativas de caridade».
A excepção diz respeito às fundações.
«A maioria são fundações mendicantes, que
não resultam de fortuna familiar, e que são pagas pelo
Estado - e por nós contribuintes. Hoje há fundações
de toda a gente, que apenas o são para quase não pagar
impostos», dispara. «Não faz sentido haver fundações
sustentadas pelo contribuinte». Saldanha Sanches admite ainda
que «possa haver algumas empresas com consultores fiscais experientes
a fazer bom negócio à custa de projectos de responsabilidade
social, isenções fiscais e fundações,
mas teriam de ser empresas de segunda linha, que não sejam
tão visíveis nem tenham tanta pressão em cima».
Existe ainda um enquadramento supranacional, europeu. Após
a falência de vários gigantes multinacionais envolvidos
em escândalos financeiros, houve uma maior solicitação
à responsabilidade social das empresas. «Em Março
de 2000, a Cimeira Europeia de Lisboa apelou a uma maior atenção
das empresas europeias às suas responsabilidades sociais nos
domínios da formação, organização
e gestão do trabalho, igualdade de oportunidades, inclusão
social e desenvolvimento sustentado», escreve Fernando Teixeira
dos Santos, presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários,
no texto «Corporate Governance e Responsabilidade Social das
Empresas». «Em 2002, a Comissão Europeia emitiu
um documento intitulado Corporate Social Responsibility - A
business contribution to sustainable development, procurando
incorporar estas preocupações nas políticas da
UE. Com efeito, alguns índices tentam já medir a performance
das empresas socialmente responsáveis, como é o caso
do Dow Jones Sustainability Index, ou ainda dos Fundos Éticos,
orientados para empresas com melhores standards de responsabilidade
social». Coincidência ou não, foi mais ou menos
na mesma altura que surgiram os primeiros projectos de voluntariado
empresarial em Portugal. E foi no ano passado que se realizou o primeiro
Fórum Português de Responsabilidade Social das Organizações.
O pioneiro: a PT
Clara Cidade lembra-se perfeitamente
de como tudo começou. «Li na Exame a reportagem
'Fazer o Bem compensa?', em 2001. A matéria falava do que se
fazia lá fora, e, na altura, não havia nada do género
em Portugal». Decidiu propor o conceito de «voluntariado
empresarial» em Portugal e nasceu o «Mão na Mão»,
um projecto que criava condições para que os trabalhadores
da PT participassem em iniciativas de voluntariado durante o horário
laboral sem perda de benefícios, um dia por ano. Como o grupo
PT tem 22 mil trabalhadores, o potencial era imenso. Resultado: 2
mil voluntários deram 21 mil horas de tempo de trabalho a instituições,
beneficiando mais de 153 mil pessoas. O «Mão na Mão»
está hoje alargado a 17 empresas e uma das iniciativas leva
os meninos internados no Centro de Reabilitação de Alcoitão
à praia, no Verão.
Quais as vantagens para uma empresa ao fazer estas iniciativas? Várias.
«A primeira é que os trabalhadores, participando nestas
iniciativas, se orgulham da sua empresa. Além disso, o voluntariado
dilui hierarquias. E faz com que as pessoas que vivem longe dos centros
de decisão, pelo país fora, se sintam mais próximas».
Há um ano, foi criada a Fundação PT, «para
congregar todas as iniciativas de responsabilidade social do grupo»,
acrescenta Clara Cidade. O orçamento para 2006 em projectos
de responsabilidade social ascende a 8 milhões de euros.
No seu historial, o grupo PT será, provavelmente, a empresa
nacional com mais iniciativas no âmbito da responsabilidade
social e a única com um departamento próprio para estas
questões, dissociado do Departamento de Marketing. Actua sobretudo
ao nível das tecnologias de comunicação dirigidas
a pessoas com necessidades especiais, «para que todos possam
aprender e integrar-se profissionalmente». O ex-presidente da
ACAPO (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal)
disse uma vez que «a PT estava para a deficiência como
a Gulbenkian para a cultura», referindo-se à quantidade
de projectos direccionados para quem tem necessidades especiais, como
o 118 Braille, um serviço telefónico adaptado para cegos.
Um dos projectos, «Porcide Think»,
em 1997, «teve o mérito de dar uma cambalhota positiva
na vida de algumas pessoas. Um dos casos correu tão bem»,
lembra Clara Cidade, «que foi convidado para chefe de Serviço
de Prova do Instituto de Vinhos do Douro e do Porto». Bento
Amaral estava desempregado há dois anos quando se inscreveu
naquele programa de teletrabalho que deu formação em
«helpdesk», transcrição e «telemarketing»
e depois incluía os participantes no mercado de trabalho a
receber como «freelancers».
A PT desenvolve também, desde 1994, projectos de teleaulas
com crianças internadas no IPO, com crianças com deficiência
neuromotora no Hospital D. Estefânia, e no Centro de Recuperação
de Alcoitão, onde se instalaram «kits» multimédia
nos computadores dos pacientes. Há também um projecto
de telealarme destinado a idosos em risco; um projecto de criação
de centros com tecnologias para pessoas com paralisia cerebral; e
inúmeras parcerias, como com a «Cais», que ajuda
os sem-abrigo, ou com a Fundação do Gil, no programa
Aurora, que leva miúdos ao Oceanário.
Entre outros, a PT é ainda parceira da Associação
Novo Futuro, da Florinhas da Rua, da Liga Portuguesa de Deficientes
Motores, da Acreditar, da Cais, da Associação das Famílias
para a Integração da Pessoa Deficiente, da Associação
Spina Bífida e Hidrocefalia de Portugal, do Hospital de Aveiro,
do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão
e do Centro de Paralisia Cerebral de Lisboa. Iniciativas de monta.
Clara Cidade justifica a tendência crescente das empresas para
se envolverem em projectos de solidariedade social: «Nós
sociedade/empresas/gestores/pessoas passámos por uma fase muito
yuppie da vida. Estamos a voltar a valorizar os valores
humanos».
Fundação do Gil
Criada em 1999 após a Exposição
Universal de Lisboa, a Fundação do Gil tem como missão
melhorar a vida das crianças hospitalizadas - entretendo-as
e animando-as enquanto estão internadas, criando condições
para o apoio domiciliário ou o seu regresso a casa, ou desburocratizando
processos para reunir famílias -, e até legalizando-as.
Ou seja, acaba por ser uma espécie de «faz-tudo»
no que toca a acções sociais com crianças hospitalizadas,
sendo que tem uma estrutura de 5 funcionárias - mulheres, quatro
das quais mães. «Costumo dizer que somos o braço
armado dos hospitais na sociedade civil», afirma Margarida
Pinto Correia, administradora da Fundação desde Outubro
de 2003. «Somos uma espécie de polvo que faz a ligação
entre todas as instituições», que põe as
pessoas em contacto, que apressa casos mais complexos. Desde que foi
convidada para administradora da Fundação por António
Mega Ferreira, em 2003, numa altura em que era preciso «dar
mais visibilidade ao projecto», Margarida imprimiu «um
ritmo de loucos» à Fundação. O Gil está
presente num sem-número de iniciativas, e tem 46 parceiros,
olhando só para os apoios no seu «site». «Hoje,
o meu envolvimento aqui é quase obsessivo», confessa
esta «mãe de quatro - e em breve de mais 18, quando a
Casa do Gil abrir, a 31 de Maio».
Pensada para acolher crianças
que já não têm necessidade de estar internadas
mas que ainda não podem estar em casa sem assistência,
a Casa do Gil, no Parque de Saúde de Lisboa, será o
primeiro centro de acolhimento temporário de cuidados intermédios
de saúde no nosso país. É um dos grandes projectos
da Fundação para 2006. O outro é a Unidade Móvel
de Apoio ao Domicílio, uma parceria com o Hospital de Santa
Maria que visa chegar a 40 crianças com doenças crónicas,
dando-lhes a possibilidade de estar em casa. Estes projectos vêm
juntar-se a outros dois já existentes: o «Minuto do Gil»,
um programa na RTP de carácter lúdico e informativo
para os mais novos. E o «Dia do Gil», que uma vez por
semana proporciona a crianças internadas em 18 núcleos
hospitalares pediátricos do país «a hora da música»,
«a hora do conto» e «a hora da descoberta».
Esta iniciativa abrange 2700 crianças e é patrocinada
pelo Instituto Português dos Livros e Bibliotecas, pelo Banco
Barclays e pela Companhia de Seguros Generali.
Margarida sabe que «a parte fiscal
faz parte do jogo». «Se não fossemos uma fundação,
não seríamos tão interessantes para as empresas
- até porque com este estatuto gozamos de uma isenção
de 140%. Ou seja, por cada 100 contos de donativo, a empresa recebe
140 de isenção». A Fundação do Gil
vive exclusivamente de doações, patrocínios e
mecenas, e tem um orçamento anual de 200 mil euros. A Parque
Expo (75 mil euros) e a Delta (50 mil) são os principais dadores,
seguindo-se o Barclays (40 mil) e o Instituto Português do Livro
e das Bibliotecas (26 mil). Em relação ao fenómeno
crescente da responsabilidade social das empresas, Margarida acredita
que «é uma tendência que veio para ficar».
E que é um misto de várias coisas: «pode ter começado
por imitação ao estrangeiro, depois as empresas perceberam
que os benefícios fiscais até eram positivos, e finalmente
devem ter chegado à conclusão de que tanto para os trabalhadores
como para os clientes da marca era motivo de satisfação».
«Media»: SIC Esperança
Nascida a 6 de Outubro de 2003, a SIC
Esperança é o projecto social da SIC, a única
televisão com uma estrutura permanente dedicada à solidariedade
a funcionar ao longo do ano inteiro. Alojada no 2º andar do edifício
da estação de Carnaxide, dispõe de dois gabinetes,
num dos quais se reúne semanalmente a equipa de sete voluntários
que compõe a SIC Esperança e aí discute temas,
acompanha projectos em curso e debate estratégias para o futuro.
Mercedes Balsemão, o rosto oficial do canal, explica que a
criação da SIC Esperança «foi uma forma
de juntar várias acções dispersas que a SIC já
fazia, sob forma de reportagens ou pedidos de ajuda». Além
disso, a ideia também se inspirou numa rede social de ajuda
a crianças da Globo, a «Criança Esperança».
O primeiro ano da SIC Esperança foi dedicado às crianças,
com o projecto «Paint a Smile» a trazer novas cores aos
hospitais pediátricos D. Estefânia, em Lisboa, e Maria
Pia, no Porto. «O projecto Pintar um Sorriso era
muito mais que decorar dois hospitais», diz Mercedes Balsemão.
«Era amenizar o choque das crianças e dos seus pais perante
a doença». Foram angariados 225 mil euros para pintar
16 serviços, e o «Rock in Rio», parceiro da SIC
Esperança, com um projecto social complementar, cedeu parte
da receita da bilheteira (32.758,24 euros) ao Instituto de Apoio à
Criança (IAC). A BP, patrocinadora do evento, entregou 312.355,28
euros a seis instituições. E o Millennium bcp deu ao
IAC 1015 euros resultantes de um leilão. No total, foram 369.979,28
euros angariados só neste projecto com o «Rock in Rio»,
que beneficiaram cerca de 6000 crianças.
Em 2005, a SIC Esperança decidiu
dedicar o ano aos idosos. Criou Universidades da Terceira Idade («Eram
56, passaram a ser 84», esclarece Mercedes Balsemão),
e foi criada uma rede, a RUTIs, para unir todas as Universidades da
Terceira Idade já existentes. Neste 3.º ano, o tema escolhido
será «o ambiente, que é o futuro».
A mulher de Francisco Pinto Balsemão considera que um dos factores
decisivos para o êxito da SIC Esperança foi «a
credibilidade». «Ninguém aqui é remunerado,
é a SIC que paga todos os telefonemas, o papel de carta, os
selos...»
Acredita que essa batalha está ganha. E lembra: «De início,
tivemos de ir à procura de patrocinadores, era mais difícil
convencê-los. Hoje há muito mais abertura, porque as
pessoas perceberam a dimensão da SIC Esperança».
E a seriedade. Fazem sempre um acompanhamento dos projectos, e recebem
muitos «e-mails» com pedidos de ajuda, que encaminham
para instituições. Há também, e isso é
assumido, um reforço da imagem da marca e uma colagem positiva
do projecto SIC Esperança à «SIC-mãe»:
«As empresas distinguem-se muito através da melhoria
da sua imagem. A BP, por exemplo, aumentou a sua quota de mercado
na altura do Rock in Rio».
Vanessa Romeu, coordenadora do gabinete de gestão da marca,
uma das voluntárias da SIC Esperança, confirma: «O
voluntariado empresarial é positivo para a marca SIC».
O rosto oficial da SIC Esperança considera que «ainda
não há em Portugal o espírito de voluntariado
que existe lá fora. Há pouca gente a dar do seu tempo».
E recorda um episódio ocorrido há 12 anos com a filha,
que bateu à porta de quatro organizações sem
que ninguém tivesse aceite a sua colaboração.
Banca: Barclays
À semelhança de outros
bancos, o Barclays tem uma série de projectos no âmbito
da responsabilidade social. Porque «ser socialmente responsável
é uma vantagem competitiva», a Comissão Executiva
do Barclays Portugal decidiu reforçar o voluntariado empresarial,
tendo estabelecido um tecto máximo de seis dias por colaborador
para o ano de 2006. A empresa garante que há mais de cinco
anos põe em prática projectos deste tipo, numa atitude
de «compromisso para com a comunidade».
O Barclays intervém em três áreas: social, educacional
e cultural. Na área social, o projecto que mais se destaca
é o «Miles Ahead», em que o Grupo Barclays a nível
internacional se associou à Unicef para «sensibilizar,
educar e prevenir mais de 1,5 milhões de crianças para
o problema da sida em África». Recolheram-se 1,5 milhões
de euros, «e os fundos foram aplicados em programas e apoio
às comunidades locais, onde as raparigas são ensinadas
a protegerem-se do vírus da sida e a evitar comportamentos
de risco». Em Portugal, quatro iniciativas no âmbito do
«Miles Ahead» reuniram 34 mil euros.
O banco promoveu também uma acção de voluntariado
«Ajudar é uma brincadeira de crianças»,
com participação dos seus colaboradores, no Natal de
2005. E associou-se à Fundação do Gil para recolher
prendas e dá-las a todas as crianças hospitalizadas
do país. A iniciativa «Por Um Sorriso» ajudou crianças
com paralisia cerebral; o «Histórias no Palco»
proporcionou «horas de alegria aos mais novos internados no
IPO de Lisboa, Porto e de outros hospitais do país, com contadores
de histórias, fantoches, teatro, música e animação»;
e «A Hora da Música» ajuda, a nível emocional,
os filhos das reclusas de Tires e as crianças internadas nos
hospitais.
Na área educacional, o Barclays tem uma série de prémios
com universidades, e, a nível cultural, é o mecenas
exclusivo do Festival Internacional de Música de Mafra, estando
também a patrocinar o restauro de quatro órgãos
da Basílica, através de um protocolo celebrado com o
IPPAR. Responsáveis do banco asseguram que «em 2005 despendeu
15% do seu orçamento a iniciativas nesta área»,
e não nega que «a imagem de qualquer instituição
sai reforçada se contribuirmos para o bem-estar das comunidades
onde nos inserimos».
Distribuição: Continente
Há três anos que a Leopoldina,
a avestruz amarela que é mascote do supermercado Continente,
nos entra pela televisão dentro, por altura do Natal. A parceria
entre o Modelo/Continente, a TVI, o jornal «Público»
e a Rádio Renascença materializa-se na venda de um livro/CD,
e metade das receitas revertem para a compra de equipamento médico
oferecido a unidades pediátricas de hospitais. No Natal de
2005, a «Missão Sorriso» chegou a 19 unidades hospitalares.
No ano anterior, tinha doado 500 mil euros a 10 hospitais, o que comprova
o sucesso da iniciativa. Daí que José Fortunato, director
de «marketing» do Modelo Continente, garanta que «o
projecto é para continuar».
Embora afirme que a empresa tem na sua
génese o apoio a instituições, Fortunato sabe
que a «Missão Sorriso» é «o projecto
de solidariedade mais visível do Continente, que vinca laços
de empatia». Por isso, quis-se ligá-lo às crianças:
«É importante que as pessoas associem à marca
determinados valores. E a relação estabelecida com a
marca passa pelos valores que estas campanhas reforçam»,
explica.
O projecto tem uma componente local, já que as pessoas ajudam
os hospitais mais próximos da sua área de residência,
porque sentem que estão a contribuir para melhorar a sua envolvente.
A iniciativa prolonga-se ao longo do ano, através do levantamento
das necessidades dos hospitais e da entrega de material. Além
da «Missão Sorriso», existem outros projectos,
como o «Noites de Teatro», que leva uma peça de
revista a aldeias do interior normalmente privadas deste acesso à
cultura. «Isto também serve para reforçar o vínculo
entre os clientes do Modelo e a marca», admite Fortunato, que
questiona «se os projectos de responsabilidade social são
hoje mais visíveis porque são mais divulgados, ou se
já existiam antes e não o eram».
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«MÃO
NA MÃO»: a primeira plataforma de voluntariado empresarial
em Portugal estipulava que os trabalhadores dedicassem um dia por
ano a causas de solidariedade. Hoje, o projecto subsiste, alargado
a 17 empresas
CLARA CIDADE é
directora do Departamento de Info-Exclusão da PT
BENTO Amaro estava desempregado
há dois anos quando usufruiu do programa «Porcide Think»
O DIA DO GIL conforta
2700 crianças de 18 hospitais pediátricos do país
AS CINCO funcionárias
da Fundação frente à Casa do Gil, que abre no
fim deste mês
MERCEDES BALSEMÃO
é o rosto oficial do projecto SIC Esperança, cuja equipa
conta sete voluntários
A PRIMEIRA iniciativa
«Paint a Smile» (2003)
PROJECTO «MILES
AHEAD»: 1,5 milhões de euros para prevenir a sida em
África
JOSÉ FORTUNATO,
director de «marketing», entrega material hospitalar recolhido
pela Missão Sorriso
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