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ÚNICA N. 1621 - 22 Novembro 2003
Aquecer a solidão
Os voluntários da associação Coração
Amarelo oferecem apoio e companhia aos idosos que passam dias sem
ver ninguém.
Texto
de Katya Delimbeuf
Fotografias de António Pedro Ferreira
Lisboa está longe dos tempos em que foi cantada como menina
e moça. Tornou-se mulher, envelheceu, enviuvou, ficou só
e, em regra, enfrenta a terceira idade à frente de um televisor.
Acontece-lhe passar semanas sem conversar, meses sem ir à rua.
Só na capital, há 33.770 idosos com 65 anos e mais a
viverem sozinhos (dados do Censos de 2001). No resto do país,
a situação não é muito diferente. O cenário
é preocupante.
Há casos dramáticos, de pessoas que passam o Natal sem
ninguém ou que, depois de uma vida inteira de trabalho, não
têm dinheiro que sobreviva à conta da farmácia.
O sentido humanitário levou um grupo inicial de sete mulheres
a formarem aquilo a que chamam «um exército de combate
à solidão»: a associação Coração
Amarelo bate desde Maio de 2001 e, apesar de ser ainda um exército
pequeno, a sua missão é de verdadeiro serviço
público.
Com o galopante envelhecimento da população e com os
trabalhadores em idade activa a terem cada vez menos tempo para cuidar
dos mais velhos, uma questão incontornável surgiu: o
que fazer dos nossos idosos? As casas de repouso foram a solução
encontrada para os que tinham bens e família que os pusesse
lá. E aqueles que não os têm? Esses são
os que povoam os prédios antigos da cidade, longe da vista
e das promessas eleitorais que não se cumprem. É deles
que o Coração Amarelo se ocupa.
E é precisamente num bairro social amarelo, onde antes estava
um aglomerado de barracas, que se encontra a sede do Coração
Amarelo. Como as missionárias da Caridade que se instalam sempre
nos bairros problemáticos para estarem junto de quem mais precisa,
também a associação está no seio de um
universo carenciado. «Quando perguntaram a Madre Teresa qual
era o maior flagelo da Humanidade, ela respondeu, sem hesitar: a solidão.
Morre-se de solidão, não me venham dizer o contrário».
Quem isto diz, convictamente, é Lucília Campos, uma
das sete fundadoras. Aos 65 anos, a antiga chefe de repartição
das Finanças, aposentada há cinco, sentiu que tinha
ainda muito para dar.
Apesar de não ter experiência na área da acção
social, sempre quis fazer algo pelos outros. Pediu conselho à
sua amiga Rosa Sampaio, assistente social da Câmara de Lisboa,
que lhe falou numa senhora em cadeira de rodas a quem ia prestar cuidados
três vezes por semana. Durante seis meses, Lucília foi
lá, todas as quartas-feiras. Assim surgiu a ideia de criar
uma associação que desse apoio a casos de solidão.
«Não fazemos serviço domiciliário, não
prestamos cuidados médicos. Somos um complemento, uma companhia»,
explica. Acompanham os mais velhos a lanchar, a passear, numa ida
ao teatro ou ao cinema, escrevem uma carta ou lêem um livro.
Vão com eles ao médico ou ao cabeleireiro, fazem-lhes
uma compra ou levam-lhes comida, quando as pernas já não
dão para ir ao supermercado. E conversam, sobretudo. «Aquilo
que mais pedem é que os ouçam», garante Lucília.
MULHERES EM MAIORIA
Um ano e meio após a fundação, a associação
conta com 133 sócios (que pagam a simbólica quantia
de 1,5 euros por mês) e 30 voluntários, e chega a 48
beneficiários. Dezanove têm apoio permanente, sete recebem
apoio ocasional. São os próprios idosos que contactam
a associação, à procura de companhia, ou os seus
familiares. Tanto nos voluntários como nos beneficiários,
as mulheres são a larga maioria.
Angariar voluntários não é fácil, garante
Lucília. «Dizem-me que não são a Madre
Teresa de Calcutá, que têm mais que fazer...» Também
não é toda a gente que tem perfil para este tipo de
serviço, confessa. Os idosos são pessoas com mentalidade
«antiga» e determinados padrões de educação.
Muitas vezes, habituam-se à sua solidão e dificilmente
conseguem sair dela. Tornam-se ensimesmados, têm medo de sair
de casa, não se abrem com facilidade nem fazem novos amigos,
como as novas gerações.
Há casos engraçados, de utentes que pedem voluntários
«que não sejam velhos», porque para velhos - dizem
- bastam eles. Casos de pessoas de tão difícil trato
que as vizinhas dizem aos voluntários que não percebem
«como conseguem aturá-los...» Mas também
casos de grandes amizades. Lucília acompanha três utentes,
um permanente e dois ocasionais. «Gosto de chegar ao fim do
dia e pensar que ajudei alguém a ser feliz», declara.
Apesar de terem consciência de que são uma gota de água
num oceano, no que toca às pessoas que atingem têm objectivos
definidos. Há um protocolo assinado com a Santa Casa da Misericórdia
(o projecto «Mais Voluntariado, Menos Solidão»)
para chegar, numa primeira fase, a 346 pessoas, em seis freguesias
de Lisboa (São João de Deus, Nossa Senhora de Fátima,
Santa Isabel, São Nicolau, Santa Justa e Baixa). Existe também
uma delegação do Coração Amarelo em Oeiras,
outra está em vias de ser criada no Porto, e em Portalegre
e Viseu o projecto encontra-se ainda em embrião. O grande objectivo,
claro, é alargar a acção a nível nacional.
A MENINA ELVIRA
É uma mulher pequenina, com uma muleta debaixo de cada braço,
a amparar a perna esquerda, que uma poliomielite imobilizou. Elvira
Gaspar, 71 anos, habituou-se desde sempre a ser a «menina Elvira».
Afinal, nunca se casou, «apesar de ter tido alguns namorados».
Ainda namorou um deles cerca de trinta anos, mas não esteve
para lhe aturar indefinidamente as leviandades. Também nunca
teve filhos. Por isso, conta apenas com duas irmãs - uma mais
velha, outra mais doente que ela - e seis sobrinhos que «trabalham
muito e não têm tempo para vir cá». Assim,
a menina Elvira, que mora sozinha no quarto andar de um prédio
antigo sem elevador, passa semanas sem ver ninguém e meses
em que não vai à rua.
As dificuldades motoras mantêm-na quase sempre sentada numa
poltrona do cubículo pequeno ao lado do seu quarto. Uma mesa
de apoio com a Bíblia aberta separa-a do sofá onde a
voluntária do Coração Amarelo se senta de quinze
em quinze dias. As tardes em que Maria Antónia lá vai
são a única lufada de ar fresco que lhe entra em casa,
uma casa enorme e fria, com seis assoalhadas, das quais quatro sempre
fechadas. Os restantes dias, Elvira passa-os a ver um bocadinho de
televisão, à tarde, esgotada que ficou a paciência
para a leitura e para o «crochet». Deve a uma amiga, a
empregada da senhora de baixo (com 105 anos), o facto de se alimentar.
É ela que lhe traz, todos os dias, algumas compras da rua.
A osteoporose e cinco anos de quimioterapia, devido a dois cancros,
juntaram-se à paralisia da perna e acabaram de lhe debilitar
a saúde, que nunca foi brilhante. Sai «só para
ir ao médico». Da farmácia vêm trazer-lhe
os medicamentos a casa, quando ela telefona para lá - já
a conhecem. Depois de um dia em que se fartou de chorar, por estar
muito sozinha, uma amiga indicou-lhe a associação. O
Coração Amarelo bateu à porta da menina Elvira
em Abril deste ano.
Maria Antónia, 48 anos, casada e sem filhos, estava do lado
de lá. Igualmente reservada, adaptou-se ao feitio de Elvira,
que assegura: «Sou uma pessoa introvertida, muitas vezes faço
cerimónia. Sou incapaz de me queixar». Na verdade, está
sempre mais preocupada com a possibilidade de incomodar do que com
a satisfação das suas próprias necessidades.
A paralisia de infância habituou-a a ser independente. Foi governanta
e costureira durante 14 anos, em casas particulares. Conheceu pessoas
«de alto gabarito». Hoje, o que mais lhe custa é
não poder bastar-se a si própria. Porque aos natais,
às páscoas e aos fins-de-ano solitários já
se habituou. Nesses dias, é simples: toma comprimidos e dorme.
A menina Elvira é a primeira a reconhecer que é «muito
sensível». Emociona-se com facilidade. Por isso, também
tem medo de ir à rua e cruzar-se com «maus modos».
«Nem toda a gente me serve», explica, na sua voz doce,
que nada tem de mau feitio. Maria Antónia sabe que as pessoas
idosas são difíceis de cativar. Que são desconfiadas
e não se abrem facilmente. Mas conquistou sem dificuldades
a confiança de Elvira. Ficou a conhecer a associação
em Dezembro do ano passado. E declara que «vivemos numa sociedade
muito egoísta. Mas se cada um de nós der um bocadinho
de si, é fácil melhorar».
O ANJO DA GUARDA
Lucília traz um saco de compras numa mão e a chave de
casa do sr. Luís na outra. Foi ele quem lha confiou, por ouvir
mal e já ter acontecido não dar pela campainha. «Lá
vem o meu anjo da guarda», diz, ao ver Lucília. «Só
tenho pena que não venha mais vezes e não passe mais
tempo comigo». Mora naquela casa em Benfica há 17 anos,
com o seu «menino», um canário amarelo que lhe
faz companhia aos ouvidos.
Luís Esteves é o beneficiário mais velho do Coração
Amarelo. Tem 93 anos e família quase nenhuma. Não tem
filhos, não tem sobrinhos, só uns primos. Da reforma
de 60 contos (300 euros) não se queixa - só da solidão.
Sempre que Lucília lá vai, conta-lhe a vida toda, de
trás para a frente, de frente para trás. Fala, fala,
fala... Ela quase nada. Ouve. É isso que ele quer.
São muitas as fotografias que tem na sala, onde passa a maior
parte do tempo. O retrato da sua primeira esposa - «a mulher
mais querida que já conheci» -, com quem foi casado 42
anos e que o deixou há quase meio século. A fotografia
da segunda cônjuge, com quem viveu 17 anos, falecida há
31. Ainda tentou, aos 88, arranjar terceira companheira - «que
olhasse por mim e que me deixasse olhar por ela». Por isso,
colocou um anúncio no jornal, a pedir uma senhora por volta
dos setentas. «Mas só apareceram pessoas que não
interessavam», diz. Não teve filhos. Por isso, depois
de três operações a hérnias e de uma última
para colocar um «pacemaker», tornou-se mais difícil
passar os dias sozinho.
A passagem pelo «Praça da Alegria», do Manuel Luís
Goucha, então na RTP, também lá está emoldurada,
quando ele e Lucília foram dar testemunho do que é a
associação. Um dia, há três anos, ouviu
a doutora Rosa Sampaio falar na rádio sobre acção
social e acompanhamento de casos de solidão e abandono. Luís
Esteves escreveu-lhe uma carta, explicando que estava exactamente
nessas condições. No dia seguinte, Lucília apareceu.
Daí a alcunha de «anjo da guarda». Para retribuir
a amizade, gostava de se tornar sócio da associação
e contribuir com o euro e meio de quota - «porque se deve ajudar
quem nos ajuda a nós». Mas como as voluntárias
não aceitaram, agora anda a comprar cautelas de lotaria para
ver se divide o prémio com elas.
Apesar dos 93 anos, vai todos os dias à rua. E é ele
quem faz o comer - «sempre a mesma coisa: batatas, peixe cozido
e um ovo, ao almoço, bolinhos e leite ao jantar». Profissões,
teve muitas. Foi torneiro, canalizador, vendedor de castanhas, casquinheiro,
cantor de fado. Andava atrás de tudo o que lhe desse uns cobres
extras. Ganhou muito dinheiro, lembra com orgulho. Agora queixa-se
das cartas que lhe chegam a casa: «Querem sempre alguma coisa.
Dar é que ninguém dá nada...» Diz que os
vizinhos são os seus melhores amigos. E a gente da rua. O que
não o impede de passar os natais com uma pessoa amiga a quem
vendeu uma casa. À falta da família.
A TELEVISÃO
POR COMPANHIA
Há um ano que Ana Maria, 83 anos, recebe visitas do Coração
Amarelo. Já teve três voluntárias diferentes.
Hoje, quem vem é Inês. Juntas costumam lanchar, conversar
e passear. Deram passeios até às Docas ou à Avenida
da Liberdade, porque do que Ana realmente precisa é de andar.
Desde que partiu a perna e teve o AVC, ganhou medo. Tem semanas em
que não sai de casa. E passa muito tempo com a televisão
por única companhia.
Houve tempos em que gostou de ler ou de fazer malha, mas agora nada
disso lhe apetece. Ana Maria tem uma filha, mas ela trabalha muito
e tem pouco tempo para estar com a mãe, a não ser ao
fim-de-semana. Vive sozinha há vinte anos, desde que enviuvou.
O que lhe sabe mesmo bem, nos dias em que vem uma voluntária,
é «arranjar-se para ir passear e esperar por ela».
Desde há quatro meses, apareceu um elemento novo na sua vida:
a «Gatinha», oferecida pela filha, dorme com ela. Sempre
é uma companheira viva.
Inês Galvão Teles é voluntária no Coração
Amarelo há um ano. Teve duas beneficiárias. À
primeira, levava-a à fisioterapia, duas vezes por semana. A
arquitecta, com três filhos e 41 anos, «sempre quis ajudar
os outros», mas nunca imaginou que houvesse situações
de isolamento e solidão como as que encontrou. Por outro lado,
descobriu «como é incrivelmente fácil ajudar os
outros». Basta disponibilizar uma hora ou duas por semana e
dedicá-la a outra pessoa, ouvindo ou conversando. «É
difícil arranjar tempo, com três filhos e uma profissão
exigente? Desde que as pessoas queiram...», diz.
A AVÓ RAMINHOS
«Já passaste o meu vestido?», pergunta Maria Ramos
à neta Leonor. «Para quê?», riposta esta.
«Para ir com o meu namorado à discoteca!» «É
bonito, o seu namorado?» «Claro que é, senão
eu não o queria!»
Maria Ramos, mais conhecida por Avó Raminhos, 87 anos, é
cega e está acamada há quase um ano, por culpa de uma
queda. O bom humor da anciã santomense é muitas vezes
o único alívio para a situação. A avó
Raminhos vive com a neta em Alcântara, há 48 anos. Leonor
foi criada por ela, mas sofre de uma doença que não
lhe consente os esforços físicos de que a avó
precisa. Além disso, como tem de trabalhar para viver, precisa
de alguém que fique com ela. «Já tivemos romenas,
russas, moçambicanas para passar a noite com ela, mas não
conseguimos encontrar ninguém de confiança», desabafa.
Leonor soube da associação através de uma amiga.
Edite Araújo está no Coração Amarelo desde
Maio. Com 54 anos, casada, sem filhos e temporariamente desocupada,
quis dar uma segunda oportunidade a si própria e decidiu experimentar
algo no plano da acção social. O seu avô, que
era enfermeiro, obrigava-a em miúda a ir visitar os doentes
sozinhos no hospital. Na altura, detestava, mas hoje acha que aquilo
ficou. A situação da avó e da neta sensibilizou-a,
tanto mais sendo a companhia da Avó Raminhos agradável.
Por isso vai lá duas vezes por semana, aligeirar o trabalho
da família.
O bom humor da Avó é uma provável herança
do tempo em São Tomé, quando vivia bem e ia às
festas da sociedade, deixando os filhos ao cuidado das criadas. «Viajei
muito, aproveitei muito», lembra. Participou até numa
tentativa de golpe de Estado, afiança um livro intitulado A
Elite Santomense. Na última visita a São Tomé,
foi recebida pelo Presidente Miguel Trovoada. Hoje, não tem
a vida faustosa de antigamente, mas mantém o amor da família,
numerosa e unida. Nunca se juntam menos de vinte pessoas nos almoços,
onde se come «calulu», prato típico africano. Não
lhe agrada que se fale baixo ao pé dela, quer saber tudo o
que se passa. Gosta de ouvir o terço na rádio, às
18h30. A família de Maria Ramos está grata ao Coração
Amarelo por ajudar a aquecer os dias da velha senhora. Como os dos
outros idosos com famílias que nem dão por isso.
Apoio
em casa ou fora dela
O Coração Amarelo é uma associação
que tem por meta minimizar a solidão e o isolamento dos mais
idosos, contribuindo para a sua autonomia e melhoria de qualidade
de vida. Os voluntários, que são seleccionados e formados,
têm como missão apoiar os beneficiários em sua
casa ou fora dela, prestando serviços como ler, escrever, conversar
e acompanhar os idosos ao correio, à igreja, ao médico,
ao banco, ao cabeleireiro, etc. O reforço das redes de solidariedade
intergeracional e a prática de uma nova cidadania são
princípios orientadores da associação.
Sede Lisboa:
R. Projectada à R. Sousa Lopes, loja 10-C. Tel. 217 950 055
(2ª a 6ª, 14h30-17h)
Sede Oeiras:
Centro de Juventude de Oeiras, Alameda Conde de Oeiras. Tel. 214 581
806
Internet: www.coracaoamarelo.webhop.org
E-mail: coracaoamarelo@oninet.pt
Telefone permanente
O Programa de Apoio Integrado a Idosos é uma linha telefónica
permanente que permite que os mais velhos tenham sempre, em caso de
emergência ou dúvida, alguém do outro lado da
linha. Além disso, um telefone especial é instalado
no domicílio e um medalhão com sistema de alarme integrado,
para pôr ao pescoço, é colocado à disposição
dos anciãos. Em caso de queda ou emergência, basta premir
o botão do medalhão para uma operadora da central de
alarme responder imediatamente. Se o idoso não conseguir falar,
a operadora procurará accionar a rede de apoio local indicada
na ficha de inscrição, constituída por familiares,
vizinhos ou instituições de confiança do utente.
Número verde: 800 206 206
Para aderir: R. Castilho, 5-3º, LISBOA
Tel. 213 184 900, fax 213 184 951
E-mail: ids@seg-social.pt
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Passeio ao Guincho organizado pelo Coração Amarelo,
na semana passada
Elvira Gaspar, 71 anos, solteira e sozinha, entre as suas muletas
e o Santo António
Luís Esteves, 93 anos, o beneficiário mais velho da
associação, com o seu «menino», um canário
a que chama, carinhosamente, «fadista porco»
A Avó Raminhos, entre a filha Maria Emília e a neta,
Leonor. Apesar de cega e acamada, a anciã de São Tomé
é conhecida pelo seu bom humor
Fundadoras e voluntárias na sede do Coração Amarelo,
em Lisboa. As mulheres estão em larga maioria
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