ÚNICA Nº 1841 - 9 Fevereiro 2008

Entrevista Katya Delimbeuf
Fotografias Luiz Carvalho

Charles Aznavour
‘A juventude de hoje é velha’

Dia 23, o último intérprete vivo da «chanson» vem cantar a Portugal. Última oportunidade para ouvir o homem que privou com Amália e Sinatra, e que viveu com Piaf

Encontrámo-nos com Charles Aznavour nas Editions Raoul Breton, em Paris, que o cantor comprou em 1992 e onde gosta de marcar entrevistas. No «hall», uma fotografia de Charles Trenet, durante anos ídolo de Aznavour, ombreia com retratos de momentos marcantes - concertos, autógrafos de celebridades, velhos gravadores de música. Informal e gentil, Aznavour recebe-nos no seu pequeno gabinete, onde há um piano. Aos 83 anos «e meio», o cantor, que conta mais de 60 de carreira, revela uma lucidez e um vigor fora do vulgar. Filho de imigrantes arménios, que esperavam em Paris um visto para a América, Aznavour ali nasceu «por acaso» e subiu a pulso. Passou de menino que vendia jornais na II Guerra Mundial a actor em mais de 60 filmes e cantor de sucesso mundial. Pai de quatro filhos, avô de três netos, é um acérrimo defensor da causa arménia. Faz questão de voltar todos os anos ao seu país de origem, onde criou uma Fundação, após o terramoto de 1989 que vitimou 50.000 pessoas. O artista, que compôs mais de mil canções e vendeu mais de 100 milhões de discos, não prescinde de almoçar todos os dias com a família.

Foi eleito em 1999 pela revista «Time» como «Artista do século XX», à frente de nomes como John Lennon, Elvis Presley e Frank Sinatra. Como é que isso o faz sentir?
Nada disso tem qualquer importância. Aliás, brinquei com o assunto, dizendo que seria o artista mais popular no mundo por outro mês e meio, até o século mudar. Não gosto da palavra «vedeta». A mim interessa-me a minha família, o meu trabalho, os meus amigos, os meus cães.

Os seus cães? Quantos tem?
De momento, apenas quatro. Dois na Suíça e dois em Los Angeles, onde vive a minha filha mais velha, Séda.

Onde vivem os seus filhos?
O Nicolas vive na Suíça (como Aznavour), é um investigador. O Misha é um viajante - está sempre em todo o lado e em lugar nenhum. Séda vive nos EUA, e a Katia em França.

A sua filha mais velha, Séda, lançou dois álbuns de música, a sua filha Katia fez duetos consigo… Vê algum dos seus filhos seguir as suas pisadas?
Os meus filhos não, mas penso que é capaz de ser a minha neta Leila quem me vai dar continuidade. Tem cinco anos, e só quer estar no palco. Sabe as músicas de cor, conhece os passos do coro, leva-me as flores ao palco…

Sente-se o último representante da «chanson» francesa?
O que me parece estranho é dizer-se «a ‘chanson’ francesa». A «chanson» é francesa. Não se pode falar da «chanson» italiana, da «chanson» americana… A forma de escrever da «chanson» é muito peculiar, é mais rica, mais profunda. Se se comparar o «Yesterday», dos Beatles, com o «Avec le Temps», do Léo Ferré, que são duas músicas sobre a juventude, a «chanson» vai muito mais longe.

E sente-se um dos últimos representantes da Canção?
Um dos últimos… vivos, sim.

Há herdeiros?
Há, e haverá sempre. Olhe para o sucesso mundial do filme «La Môme» (em que Marion Cotillard, que está nomeada para o Óscar de Melhor Actriz, encarna Edith Piaf). Isso fez-se com uma cantora de «chansons». A «chanson» existirá enquanto existir música. Embora seja provável que se torne elitista.

Fala-se muito numa perda de influência da cultura francesa, sobretudo face à americana.
Porque a cultura americana é facilista, básica, e os jovens aderem ao que é fácil. Numa cultura universal, não se encontra nenhum jovem que fale em poetas espanhóis, portugueses... Mas a elite fala francês, no mundo - ainda e cada vez mais.

O que pensa desta história toda em volta do caso Sarkozy-Bruni?
Estou-me nas tintas.

Esta é a sua «tournée» de despedida, que começou em 2006 e se poderá prolongar, nas suas palavras, até 2010. Aliás, há uma década que «ameaça» sair de cena...
«Mais non», eu nunca falei em «tour» de despedida. Foram os jornalistas que inventaram esse termo. Disse que não faria mais digressões. Tenho impressão de que os «media» gostariam que eu me reformasse...

Tem alguma ideia de a quantos países já foi, ao longo de tantas digressões?
Dei concertos e rodei filmes em cerca de 90, 92 países - não contando com os que se fraccionaram, como a URSS, a Jugoslávia e a Checoslováquia. Se contarmos esses, devemos chegar aos 100.

Que cuidados especiais tem em digressão? Faz uma alimentação especial, exercício físico?
Tomo sempre o pequeno-almoço, o almoço, e como muito pouco ao jantar - uma banana, um iogurte, uma sandes, um chocolate... Mas não faço isto por causa da minha profissão, é a minha ética, a minha disciplina. As pessoas comem desenfreadamente, e depois sentem-se doentes. E perguntam-me: como é que estás assim, nessa idade? Se fizerem o mesmo também estarão!

Faz exercício físico?
Nado 15 metros e afundo-me ao 16.º. Mas nado muito bem os quinze primeiros! Faço muito «jogging» na água. Só ando na cidade se houver muitas montras.

Conhece alguns artistas portugueses contemporâneos?
Conheço dois ou três, cujos nomes não retive, mas cuja voz e modo de cantar fixei. Não há uma nova Amália, e não haverá, e não há razão para que haja, como não há uma nova Piaf, e também não há razão para que haja. Os tempos avançam.

Conheceu Amália?
Fui das pessoas que melhor a conheceu. Jantámos três meses antes de morrer. Fomos a um restaurante muito «in» em Portugal, e não tinha autorização para levar o meu cão, mas, excepcionalmente, deixaram-no entra Éramos amigos de longa data. Conheci-a na Bélgica, na véspera de ela dar um concerto em Monte Carlo. Passámos a noite inteira a cantar e a conversar, e de madrugada disse-lhe: «Tem um avião para apanhar, não?» Prometemos rever-nos, fizemos um espectáculo a dois em Lyon, ainda ela não era a vedeta que viria a ser. E quando ela me disse que nunca tinha cantado em francês, escrevi-lhe uma canção: «Ai mourir pour toi» (em 1957).

Ela cantou-a?
Cantou-a e gravou-a. Eu traduzi-a assim, porque a sonoridade de «Mourir pour toi» me lembrava «Mouraria». Foi a primeira canção em francês que ela cantou.

Há quanto tempo não canta em Portugal?
Estive no Porto há cerca de três anos, mas a Lisboa não vou há muito tempo. A última vez foi no Casino do Estoril, se calhar há trinta anos. Gosto muito de Lisboa. Faço sempre o «tour» dos artesãos, já mandei fazer dois painéis de azulejos. E fico sempre mais tempo para visitar. Recuso-me a ser um viajante que não vê nada. Devo ter cantado seis ou sete vezes em Portugal na minha carreira. Não sei se muitos artistas franceses o fizeram… Vou a países onde os franceses não vão. Por exemplo, vou a Anvers (Bélgica não francófona), e não só lá vou como não falo em flamengo, falo em francês. E os belgas ficam surpreendidos… (risos)

Que pode o público português esperar de si no concerto de 23 de Fevereiro?
Um fado. Gravei duas músicas sobre Portugal: «Lisboa» e «Fado Fado». Gosto muito de fado, que é, verdadeiramente, canção. Se um fado tem um texto do Pessoa, eu sei o peso que isso tem. Sei quem é Pessoa, li as suas traduções, conheço melhor o passado da canção portuguesa do que a «nouvelle chanson». Lembro-me bem do Alfredo Marceneiro, que se calhar os jovens portugueses não conhecem. Portugal foi o segundo país estrangeiro onde pus os pés, depois da Espanha. Em espanhol canto fluentemente, mas o português é demasiado próximo do francês e do espanhol, e por isso mais difícil.

Tem, de resto, um enorme jeito para línguas. Fala cinco, certo?
Francês, inglês, espanhol, italiano, arménio. Desenrasco-me em russo e em alemão, consigo pedir o almoço, que me passem a roupa a ferro…

Donde vem esse dom?
Quando se é de um país que ninguém percebe (a Arménia), somos forçados a fazermo-nos entender. O meu pai falava 11 línguas e dialectos, incluindo o da Geórgia, a minha mãe falava sete, e eu, forçosamente, aprendi menos, porque nasci em França. Connosco, falavam arménio, entre eles falavam turco, grego, russo….

O seu pai, que era cantor barítono, cantava consigo?
Cantávamos juntos, por hábito. O meu pai cantava muitíssimo bem. Naturalmente, «bebi» coisas dele. Como da minha mãe, que era actriz. A minha infância foi toda vivida no meio de um ambiente artístico, todos estrangeiros.

Tinha 15 anos quando o seu pai se alistou, em 1939, para a II Guerra Mundial. Nessa altura, teve de vender jornais para sustentar a família.
Vender jornais e não só, também se fez muito negócio no mercado negro...

Passaram muitas privações?
Não nos safámos mal. Primeiro, porque os franceses não comiam o mesmo que nós. Vendíamos alimentos que os franceses não conheciam, e não compravam. Comíamos aquilo que ninguém queria.

Quais são as suas memórias da guerra?
É horrível o que lhe vou dizer. Mas divertimo-nos muito durante a guerra. Porque éramos jovens! Os meus 16, 17 anos foram formidáveis. Primeiro, com o recolher obrigatório, eram «festas-surpresa» todas as noites! Vivemos uma época difícil, mas como em todas as situações perigosas, há sempre um certo prazer.

Quando conheceu o compositor Pierre Roche, com quem teve uma parceria de oito anos, deram muitos concertos na França ocupada pelos alemães. Foram até à Normandia de bicicleta.
Andámos por toda a França, numa única bicicleta! Depois, metíamo-nos nos comboios, e quando estes desaceleravam antes de chegar às pontes, saltávamos.

Nunca tiveram problemas com os alemães?
Houve duas ou três situações mais complicadas. Os alemães achavam que eu era judeu, mas eu andava sempre com um certificado de baptismo. Também tentaram embebedar-nos, para ver o que dizíamos sobre eles. Mas não conseguiram... Embebedaram-se eles!

Não se expuseram a demasiados riscos?
A juventude não conhece o risco! Hoje em dia, acho os jovens velhos. Nós éramos jovens. A «juventude jovem» terminou com os «hippies», que partiam à aventura. Nós também íamos à aventura. Até fomos para os EUA, em 1948, sem visto, e acabámos por ir parar à cadeia.

Como foi essa experiência da prisão?
Rimo-nos muito! Eram dormitórios de 30 pessoas, encontrámos um piano e divertimo-nos durante três dias.

Havia um piano na prisão?!
Sim. Fartámo-nos de cantar. Com estrangeiros, que não falavam inglês. Aliás, nós também não.

E como conseguiram sair?
Acharam-nos simpáticos! Acharam incrível que dois rapazes novos tivessem atravessado o mundo, sem dinheiro, sem saber a língua. Partimos como dois malucos... E depois «aterrámos» no Canadá.

Iam ter com Edith Piaf aos EUA, não?
Encontrámo-la em Nova Iorque. Ela encaminhou-nos para uma pessoa que se interessou por nós e nos arranjou trabalho no Canadá, onde ficámos três anos em palco. Tivemos muito sucesso.

Lembra-se do seu primeiro encontro com Piaf, em 1946?
Perfeitamente. Admirava-a muito, sempre admirei. Foi numa sessão pública de rádio. Não havia porta de entrada para os artistas, por isso todos os que iam cantar estavam na primeira fila, incluindo o Charles Trenet e a Edith Piaf. Cantámos três músicas, o Pierre Roche e eu, e a seguir a Piaf fez isto (faz, com o dedo, o gesto de «anda cá») e disse-me: «Venha a minha casa depois disto.» E fomos. Foi assim que começou. E nunca mais nos largámos.

Como era ela?
Surpreendente. E totalmente autodidacta.

Foram sempre muito cúmplices, ao longo dos anos?
Muito, muito cúmplices.

Chegaram até a viver juntos.
Sim, vivi com ela vários anos. Era uma amizade amorosa - ou seja, mais que amizade e menos que amor. Fui seu amigo, não seu amante.

Pode dizer-se que foi ela que o lançou?
Não. Ela lançou muita gente. A mim reservava-me para amigo.

Como descobriu a sua vocação de compositor?
Eu escrevia. E apercebi-me de que o texto tem um ritmo, e o ritmo uma melodia. O resto vem por inerência. Fiz as primeiras músicas antes dos primeiros textos.

Lia muito?
Leio imenso, sempre li. Se se sai da escola como eu, aos 10 anos, com um diplomazito ridículo, ou se passa a vida assim ou se sai com a noção de que se tem lacunas enormes e instruímo-nos. Foi o que fiz.

Quais foram as suas influências?
Os autores franceses de teatro, sobretudo, mas também Aristófanes, Goethe - traduzidos, claro. Muito Victor Hugo, muito Molière. E desde muito jovem ia ao teatro ver Sacha Guitry, um dos maiores autores. E Simenon, outro grande escritor. Mas sou um autodidacta. Em tudo na vida... marido autodidacta, autor autodidacta, pianista autodidacta…

Marido autodidacta? Quer dizer que casou três vezes, sempre para fazer melhor?
A primeira era demasiado jovem, a segunda demasiado parva, à terceira soube que tinha acertado. Há 44 anos que estou com a minha mulher. É bonito isso. E raro. Devia estar no «Guinness»!

Para alguém que cantou tanto o amor, tem alguma definição pessoal?
Ninguém tem. Só há belas fórmulas, palavras de amor. Se eu tivesse casado com uma mulher que quisesse palavras de amor, não estaria com ela já há muito. As palavras de amor estão nos meus textos, não em casa. O amor prova-se no comportamento dos homens e das mulheres, não nas palavras. É demasiado fácil.

Lembra-se da sua primeira digressão mundial?
Claro. Aluguei todas as salas do meu bolso. Fiz trinta salas (incluindo o concerto de Carnegie Hall, em 1962) e 35 países à minha conta. Arrisquei, mas fiz bem.

No Carnegie Hall, cantou em inglês, apesar de não saber falar a língua. Leu as letras em palco, num púlpito de madeira. Donde lhe veio a ideia de traduzir as músicas em várias línguas?
Foi quando percebi que, ao traduzir uma música, não se está a fazer uma tradução, mas sim outro tema sobre a mesma música. Como autor, o que eu quero é que as pessoas me percebam. Foi o meu ego que me levou a traduzir as letras o mais próximo possível do original.

E como se explica que uma música como «She» - celebrizada por Elvis Costello - tenha feito tanto sucesso em inglês e não em francês, a sua versão original?
Muito simplesmente porque a música foi escrita de forma diferente. Originalmente, foi feita para uma série - «Seven Faces of Women». Depois da gravação, perguntaram-me se não podia fazer outro texto.

Nos anos 50, disse: «Os meus defeitos são a minha voz, a minha altura, os meus gestos, a minha falta de cultura e educação, a minha franqueza e a minha falta de personalidade.» Mantém?
Não me lembro de ter dito «a minha falta de personalidade», mas o resto é verdade.

Como é possível um homem com tantos defeitos ter tanto sucesso?
Não há sucesso sem defeitos. Os defeitos fazem parte da personalidade, sobretudo de um artista - e os professores que tentam apagar os defeitos dos artistas estragam talvez as suas possibilidades de sucesso. Quando penso em artistas bem sucedidos, como Léo Ferré, Brassens ou Bécaud, estão cheios de defeitos...

Continua um perfeccionista?
Já o fui. Depois decidi ser um homem livre em palco, mostrar-me como sou. Quis que me vissem como sou. Frequentemente engano-me, paro, digo ao público; se tenho uma borbulha ou uma afta digo-lhes; quando implantei cabelo aqui à frente (aponta para a cabeça) expliquei às pessoas, fi-las rir. Essa atitude de liberdade é bem vista, porque dá a sensação de ser uma confidência.

E funciona?
Muito bem. Tornei-me um «Senhor Verdade», uma pessoa genuína. Digo o que penso, escrevo o que penso. E escrevi coisas terríveis - sobre as mulheres, sobre os homens, sobre a homossexualidade, sobre a ecologia, sobre os subúrbios... Nunca ninguém me veio dizer: «Não fez bem em escrever isso...»

Já foi cantado por cantores consagrados da cena mundial: Ray Charles, Fred Astaire, Shirley Bassey, Bing Crosby, Elvis Costello... Como é que isso o faz sentir?
Dá-me prazer, claro, porque são artistas que admiro muito. E o que é fantástico é que essas pessoas acabaram por me conhecer. Eu sei como o Ray Charles me conheceu. Estava num hotel em Paris, tinha um radiozinho com ele, e ouviu «La Mamma». Saiu do quarto e perguntou ao porteiro: «O que é isto?» E ele respondeu: «Uma música de Charles Aznavour». «Encontre-me o disco», retorquiu. Foi para os EUA, encontrou-se com o empresário e disse-lhe: «Quero cantar isto.» Acabámos por conhecer-nos bastante bem, até porque um dos filhos dele é meio arménio. A Shirley Bassey conheci-a em Inglaterra, por acaso. É isso o mais interessante: não é ser conhecido, é ser reconhecido. Quando fui a Cuba, à fábrica de charutos Cohiba, uma centena de trabalhadores levantou-se e cantou uma música minha em espanhol, «Venetia sin ti». Isso é extraordinário.

Gravou há dois anos um dueto com uma jovem cabo-verdiana, Mayra Andrade, que vai dar um concerto em Portugal um dia a seguir ao seu. Como a descobriu?
Através da minha filha Katia. Vi o espectáculo dela, é óptima! Os meus filhos ensinaram-me tudo. Se estivermos atentos a eles, estamos atentos ao mundo. Quando não se ouvem os filhos, não se ouve mais nada.

Como olha para a indústria musical actualmente, com o estúdio, os «downloads» da Internet, o MP3?
É um marasmo total. Do modo como querem fazer evoluir as sociedades de direitos de autor, vão conseguir matar a criação. Quanto mais se roubar as obras dos outros, menos eles produzirão, e assim a criação morrerá. Os burocratas de Bruxelas são assassinos da criação. Dizem que os jovens têm de ter acesso gratuito às coisas, mas eu quando vou à padaria, não peço o pão à borla. Os jovens autores e compositores também têm de comer, não?

O que vai fazer depois de se retirar?
Provavelmente «masterclasses» (aulas demestrado), em França ou nos EUA, e continuarei a viajar.

E o palco não lhe vai fazer falta?
Possivelmente. Mas há muito que estou na reforma.

Tem tempo livre?
Só tenho tempo livre. Mas é direccionado. Por exemplo: é impossível que eu não vá almoçar com a minha família. Todos os dias. Daqui a bocado estarei com a minha filha Katia, o meu genro, a minha mulher. Aliás, tenho de ligar à minha filha. (Com naturalidade, pega no telefone e liga à filha.)

Deve ser impossível eleger uma música preferida quando se cantou e compôs cerca de mil, mas tem alguma?
(Pausa): «Sa Jeunesse». Não é um dos meus maiores sucessos, mas não foi feita para ser um sucesso.

Ouça o Podcast


Entrevista de Katya Delimbeuf
Fotografias de Luiz Carvalho, enviados a Paris

 

 

 

     

 



AOS 83 ANOS «e meio», Aznavour mantém uma lucidez invulgar

 



ENQUANTO criança

 



COM os pais, Misha e Knar, e a irmã, Aida

 



EM palco

 



BEIJANDO o pai

 



NOS EUA, onde viveu

 



NAS EDIÇÕES Raoul Breton, em Paris, que conservam o acervo discográfico de Charles Trenet (no cartaz atrás do cantor) e Edith Piaf, dois ídolos de Aznavour