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Talvez

Talvez, se eu ficar muito quieta,
A dor desapareça
Adormeça
Entorpeça
Me esqueça

Talvez, se eu fechar os olhos com muita força,
As lágrimas não saiam
Não caiam
Não arrefeçam as minhas faces
Não molhem a almofada

Talvez, se eu me encolher muito,
Deixe de ter frio
De sentir este abandono
Como no ventre,

Talvez, se conseguir deixar de pensar,
Se te barrar do pensamento,
Como as janelas de ‘pop-up’ que se abrem sem querermos no computador,
Se te bloquear...

Eu só queria acertar,
Desesperadamente acertar,
Encontrar,
Ficar,
Permanecer,
Ser,
Feliz.

Talvez, se eu sofresse muito, muito,
Tanto ou mais do que já sofri,
Eu deixasse de querer,
Mais que tudo,
Este punhal que é a um tempo a dor mais doce e maior

Amar.
Para o melhor e para o pior.
Na saúde e na doença.
Na ausência e na presença.
Para o bem e para o mal.
No matter what.

Ainda há quem queira amar assim?

Fevereiro 2008

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TODOS OS TEXTOS © KATYA DELIMBEUF