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Malabarismos
Bola branca. Bola amarela. Bola azul.
Bola branca. Bola amarela. Bola azul.
Bola branca, bola amarela, bola azul. OK.
Bola branca. Bola amarela. Bola azul. Bola verde.
Bola branca. Bola amarela. Bola azul. Bola verde.
Bola branca, bola amarela, bola azul, bola verde... Uff.
Bola branca, bola vermelha, bola azul.
Bola amarela, bola verde, bola laranja.
Bola branca, bola amarela, bola laranja, bola azul, bola vermelha, bola
verde. Uff.
Branca, amarela, laranja, amarela, vermelha, azul, verde,
Ar, mão, nuca, cavidade da nuca, peito, mão, ai, quase,
Zumbido, tontura, borrão preto, amarelo, vermelho, azul, branco...
Como é que era...?
Bébé. Acorda, noite, chora.
Biberon, chora. Dente, febre, médico, hospital. Telefonar emprego,
patrão, chatear.
Sono, cansaço, adormece, volante, cuidado, miúdos banco
de trás. Vermelha...!
Uff.
Vermelha, verde, branca, amarela,
Nuca, ar, olho, esquerda, direita,
«tudo no ar, vá lá ver, sem mãos...»
«Olha para mim, mãe, na bicicleta, sem mãos e ainda
agora aprendi...» Vermelha...!
Chão.
Amarela, branca, vermelha, azul.
Chuva. Guarda-chuva. Esqueceu.
Chuva, molha-tolos, molhou.
Chuva, espirro, espirro, médico. Centro de saúde, fila.
Tempo... Médica, antipática. *#$&%/&!/?!!!
Fila, atraso. Atraso, chefe. Chefe, chato. Chefe, «se eu pudesse...!»
Vermelho.
Verde?
Branco, amarelo, ar, nuca, peito, mão, gira, gira, ar...
Trabalho. Trabalho, preciso. Contas, pagar. Contas, contas. Muitas.
Trabalho, chato. Muito. Para pagar contas. Crescem no correio como
cogumelos.
Ponto.
Metro, trabalho. Metro, mendigos. Mendigos, cegos. Tudo tão triste,
pedintes, mendigos, cegos, tantos, tão depressa, que nem dá
tempo para os fixar a todos. Crianças ciganas, tocam acórdeão,
com um mini-cão ao ombro.
Cegos com olhos vazados, muitos velhos, todas as raças em maioria
menos a branca.
Será que o português «normal» não anda
de metro?
«Gira, gira, não pára, sobretudo não pára,
não tem medo, não tem medo, não olha para baixo,
não cai, não desconcentra, não descontrai, não
desconcentra.»
Cinco bolas no ar, tudo no ar, nada na manga, gira, gira, vermelho, branco,
azul, rosa, fúchsia, vertigem, roda, preto, preto. Preto.
«Sempre a girar! Não pára, não pára,
substitui, não há crise, não pára, não
pára, essas bolas no ar Manel, que os miúdos querem ver
cor...»
«Oh mãe, porque é que aquele senhor vestido de palhaço
está no chão?»
«Não sei, filho, é assim a vida.
Não te preocupes... Ele não deve tardar a levantar-se...»
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© KATYA DELIMBEUF
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